Um mês e meio já passou aqui e o tempo parece estar a passar
a voar. Estou a trabalhar arduamente para conseguir todas as coisas que quero
fazer aqui, mas já sei algures que 6 meses provavelmente não serão suficientes
para mim. Por isso gosto de pensar que talvez, talvez, um dia, eu volte a
Portugal para fazer o que quero fazer!
Antes da minha chegada a Portugal, nunca tinha deixado a
minha pequena cidade de Besançon no leste de França. 22 anos de existência
antes de finalmente me aperceber que esta cidade não me permitiria florescer
plenamente, não seria capaz de me conter para o resto da minha vida.
Portanto, aqui estou eu, do outro lado da Europa, com pressa
para visitar, para conhecer pessoas, para falar a língua, com pressa para
compensar o tempo que perdi em Besançon, com pressa para viver, com pressa para
capitalizar a minha estadia em fortes emoções e experiências de vida.
Quero aprender a tocar o cavaquinho. Quero falar português
sem sotaque francês grosso, quero organizar debates com as crianças, trocar
argumentos, incentivá-las e vê-las crescer, quero conhecer a comunidade cigana,
quero conhecer a comunidade surfista, quero conhecer os pescadores de bacalhau.
Eu quero, eu quero, eu quero. E talvez eu consiga atingir alguns destes
objectivos. E talvez não todos.
Esta corrida louca nem sempre é a melhor maneira de
desfrutar de uma viagem. Na verdade, não é uma viagem que procuro, mas uma vida
no estrangeiro. E para isso, nada melhor do que desfrutar dos pequenos momentos
da vida quotidiana. Nada é mais doce do que atravessar a ponte Eiffel à noite,
passando pelos peregrinos na estreita passagem que os leva a Santiago de
Compostela, vendo os pescadores moverem-se silenciosamente com luzes fracas.
Observo a firmeza mas também os momentos de ternura entre alunos e atsem
(=school helpers who clean and take care of students during lunch time), rio
dos momentos em que as crianças e eu falamos sem nos entendermos com sorrisos
ligeiramente estranhos. Gosto dos prazeres básicos que qualquer português que
se preze conhece algumas vezes por semana num terraço de café; bebo sumo de
laranja espremido, café com leite, chocolates quentes, engolo super galos e
gosto de pensar que estou a viver à maneira portuguesa.
Penso então em Besançon, no café-vidro de água e nos pints
ao preço de meio litro que eu costumava beber todas as quartas-feiras à noite
no happy hour.
Afinal, a vida não é muito diferente, o que estou a
experimentar pode não parecer extraordinário, mas é realmente a coisa mais
importante para mim; viver como toda a gente, sentir-me próximo destas pessoas
cujo bairro onde vivo agora, e não apenas ser um turista, encomendar a minha
baguete em português!
Esta é a introdução à história da minha exótica viagem a
Portugal. Vou tentar falar-vos dos lugares que visitei hahaa, mesmo que
provavelmente vos fale das pessoas que lá conheci.
Mais na próxima edição.
Bom Tempo no terraço ou como o meu chocolate quente chegou numa chávena de Coca-Cola
xoxoxo
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